A Torre: rei de copas com príncipe e princesa de ouros

Sempre chega a hora da Torre.
A hora do raio que acerta nossas tão bem armadas estruturas,
convenções,
padrões,
definições,
desafiando a solidez da alma que sustenta cada empreitada cotidiana.
"Ei, tem alma aí dentro?"
Tem consciência das próprias emoções, a busca por um auto olhar cada vez mais atento e amoroso,
que carregue a empatia das águas para dentro das veias da nossa relação com o mundo?
"Irriga-se", reivindica o rei da água.
"Mas não só", completa o trabalhador príncipe de ouros.
Ele sabe que tripalium é uma tão dolorosa quanto apropriada metáfora pro cenário econômico e social desses anos todos que moram num só 2020
No Brasil.
Sabe que portanto é preciso pé no chão, pé na terra,
Na tu re za.
entendimento das suas leis de dar e receber, tão belas,
e tão terríveis,
que por pouco não lhe resiste o nosso coração molenga de millenium. Oras, coronas.
A princesa de ouros guardará consigo um melhor amanhecer,
mas o guardará conosco, porque de lugar algum ela nasce senão da Vontade.
Se no raiar desses dias suspensos pelo medo virulento,
brota a cada dia a sua régia vitalidade primaveril,
então sim, eu acredito na medida em que vejo a mudança em mim.
Da destruição,
seguida de reflexão, ajustes e trabalho irrigado com Vontade,
brota vida nova sim.
Esperançar, é esse o Verbo que eu estava procurando.
Obrigada Cortella.
Imagem: Tarot Illuminati, de Kim Huggens e Erik C. Dunne.